A
famosa viagem de Darwin a bordo do navio HMS Beagle, foi
de fundamental importância para a humanidade, seja
ela positiva ou não. O que poucos sabem é
que ela foi colocada em risco por uma mulher, Fanny Owen.
A informação é do pesquisador Nélio
Bizzo, professor da Faculdade de Educação
da USP, que pesquisou a biblioteca pessoal de Darwin.
Fanny
Owen era amiga de infância das irmãs do naturalista.
Chegaram a namorar, enquanto ele estudava na Universidade
Cambridge, mas acabou sendo noiva de outro. Meses antes
da viagem, acabou o noivado e ela tentou encontrar Darwin
nas docas onde estava o Beagle, mas procurou pelo navio
errado.
Antes do inicio da expedição, trocaram cartas
onde lamentaram o desencontro e Fanny Owen prometeu esperá-lo,
de acordo com Bizzo, as mensagens tinham o tom de “quem
gostaria de aceitar uma proposta de casamento”.
Darwin
tentou levar o irmão de Fanny, Francis, com o suposto
objetivo de manter a relação, mas o capitão
Robert FitzRoy negou o pedido.
"Não
sei se Darwin iria desistir da viagem, mas provavelmente
ela o convenceria a voltar mais cedo. Este era o 'plano
B', já acertado com o capitão [Robert] FitzRoy:
Darwin poderia desembarcar em qualquer porto. Provavelmente,
ele não iria além de Montevidéu,
especialmente se o jovem Francis fosse com ele",
afirma Bizzo. "Não creio que Darwin ficaria
quase cinco anos longe de casa se ela o estivesse esperando
para casar."
Mas quando o Beagle desembarcou no Rio de Janeiro no início
de 1832, Darwin recebeu uma carta de Fanny, dizendo que
iria se casar com outro “Foi uma grande decepção
amorosa”, diz o professor da USP.
Quase
três anos após a volta do Beagle, 1839, o
criador da teoria da evolução acabou se
casando com Emma Wedgwood, sua prima. Tiveram no total
de dez filhos – três morreram ainda crianças.
Darwin
não passou dificuldades, no plano de vista financeiro.
Nasceu em uma família de burgueses, recebia 400
libras esterlinas por ano da família de Emma –
o valor na época era equivalente ao dobro do salário
de um professor em Cambridge. Ganhava também uma
“mesada” do seu pai, depois começou
a receber pelas vendas de livros e propriedades rurais.
Cursou medicina e estudou para ser clérigo da Igreja
Anglicana. Mas quando estava em Cambridge passou a assistir
às aulas de botânica com John Henslow, figura
decisiva para o biólogo. Através dele, Darwin
recebeu o convite do capitão FitzRoy.
Morreu no dia
19 de Abril de 1882, com 73 anos, de ataque cardíaco.
Foi enterrado na Abadia de Westminster, em Londres.
Natália Souza/Pick-upau
Da Folha