Navegando
pelo mundo, Darwin revolucionou ciência
No ano de 1831, o Almirantado britânico procurou
o naturalista e professor Henslow, que não aceitou
o convite. Porém indicou outro naturalista, Charles
Robert Darwin (1809-1882). Embarcaram em 1831 e Darwin
com 22 anos, passou cinco anos a bordo com o capitão
Fitzroy.
A
primeira parada foi em janeiro de 1832, na Ilha do Cabo
Verde. A maioria da população do navio dedicava-se
a explorar a costa, mas Darwin ficou em terra, coletando
material da flora e da fauna, pouco conhecidas pelos europeus
daquela época.
A embarcação veio para Fernando de Noronha
e, em fevereiro, aportou em Salvador. Em abril, chegou
ao Rio de Janeiro, onde Darwin realizou uma série
de observações.
Em
1835 ancoraram em Valparaíso, no Chile. Fez uma
expedição nos Andes e chegou a mais de 1.000
metros de altitude, quando encontrou fósseis de
conchas. Nesse momento ele percebeu que as adaptações
aconteciam de acordo com cada ambiente: selvas brasileiras,
pampas argentinos e os Andes. A essa altura, Darwin já
estava questionando a imutabilidade das espécies,
o conceito estático da Terra.
No
final do ano de 1835 a expedição chegou
às ilhas Galápagos. Darwin percebeu que
em cada ilha do arquipélago existiam diferentes
árvores, cágados e aves. Mas quando retornou
à Inglaterra, consultando ornitólogos, foi
que percebeu que os tentilhões eram de espécies
diferentes.
Em
1837, passou a escrever as primeiras notas sobre a origem
das espécies. Foi quando Darwin relacionou as adaptações
ao meio ambiente à origem e evolução
das espécies.
Em
1838, Darwin leu a obra de Thomas Malthus (1766-1834),
"Ensaio sobre o Princípio da População".
O autor observa o aumento de indivíduos de uma
população a cada geração e
a falta dos recursos alimentares, concluindo que tal fato
levaria a uma competição entre os indivíduos
da população.
Considerando
a variação de cada indivíduo de uma
população, Darwin chegou à conclusão
de que alguns estariam mais aptos que outros e assim venceriam
a competição pela sobrevivência. Os
indivíduos mais adaptados ao meio possuiriam variações
vantajosas em relação aos outros que não
as possuíssem. E chamou de seleção
natural.
Darwin e Wallace
Nessa
época todos acreditavam que cada espécie
de ser vivo havia sido criada por Deus e permanecia imutável
ao longo dos tempos – criacionismo e fixismo. Consciente
das implicações de seus trabalhos sobre
toda a humanidade, Darwin estudou minuciosamente os mecanismos
da evolução, baseando-se na teoria da seleção
natural, sem publicar suas idéias.
Em
1856 escrevia o livro "Natural Selection", mas
continuava resistente em expor suas idéias. Até
que em 1858 recebeu uma carta de um jovem naturalista
Alfred Russel Wallace (1823-1913) pedindo a análise
de Darwin sobre as observações que havia
feito no arquipélago Malaio.
Nessa
carta Wallace pede para Darwin enviar para Lyell Charles
(1797 -1875) seu trabalho, apenas se considerasse relevante.
Logo esse material foi passado de Darwin para Lyell com
o comentário que Wallace havia resumido, de forma
esplendorosa, o trabalho que ele vinha se dedicando há
22 anos.
Wallace
desenvolvera uma teoria de seleção natural
idêntica a de Darwin. Como Darwin possuía
muito material para apoiar suas idéias (manuscritos
com mais de 15 anos), indicando quanto ele havia trabalhado
sobre elas, Wallace reconheceu que Darwin deveria ser
conhecido como o autor principal da teoria. Sendo assim,
juntos publicaram a teoria na Sociedade Lineana de Londres,
em 1858.
"A Origem
das Espécies"
Com
isso Darwin escreveu "A Origem das Espécies",
que se baseia na seleção natural e publicado
em 1859. Apesar das provas apresentadas - que tornaram
o conceito de evolução cientificamente respeitável
- as idéias de Darwin encontraram fortes oponentes,
tanto na comunidade científica, quanto na religiosa.
Muitos
cientistas acreditavam que a teoria era incapaz de explicar
a origem da variação entre as espécies
e indivíduos de uma mesma espécie. As igrejas
se sentiam afrontadas, pois as idéias de Darwin
contrariavam a criação divina.
Sua
teoria passou a ser aceita no século 20, depois
das descobertas de Johann Gregor Mendel (1822 -1884),
monge austríaco que se dedicava à botânica.
Mendel descobriu a transmissão hereditária
dos caracteres, a qual só ficou conhecida no início
do século 20 quando outros botânicos que
faziam pesquisas independentes encontraram suas publicações
na Sociedade de Brünn.
Em
1997 o papa João Paulo II reconheceu a inexistência
de conflito entre a religião católica e
a teoria de Darwin, a qual revolucionou definitivamente
a compreensão do homem sobre a existência
da vida no planeta. Algumas igrejas protestantes, de caráter
fundamentalista, em especial nos Estados Unidos continuam
a se opor veementemente ao darwinismo.
Natália Souza/Pick-upau
Do UOL