MEC diz
que criacionismo não é tema para aula de
ciências
Durante
o debate do ensino do criacionismo nas escolas, o Ministério
da Educação tomou posição
e disse que o modelo não deve ser apresentado em
aulas de ciências, como fazem alguns colégios
particulares, em geral confessional (ligados a uma crença
religiosa).
"A
nossa posição é objetiva: criacionismo
pode e deve ser discutido nas aulas de religião,
como visão teológica, nunca nas aulas de
ciências", afirmou a secretária da Educação
Básica do Ministério da Educação,
Maria do Pilar.
Porém
o MEC não pode interferir no conteúdo das
escolas, pois elas têm autonomia. O colégio
Mackenzie – presbiteriano – adotou nas apostilas
de ciência dos anos iniciais do ensino fundamental,
o criacionismo como uma das teorias a serem abordadas
em sala de aula. Outras escolas, como as adventistas possuem
opção semelhante.
Teorias
Os
criacionistas dizem que o Universo e tudo nele, foram
criados por um ser superior. Acreditam que tudo que tem
vida é muito complexo para surgir sem intervenção
divina.
Essa
teoria difere da do biólogo Charles Darwin (1809-1882),
presente nas grades curriculares das escolas nacionais.
Para os evolucionistas, todas as espécies vêm
de um ancestral único e se diferenciando de acordo
com o ambiente etc.
O MEC e os pesquisadores contrários ao criacionismo
alegam que o modelo não pode ser considerado uma
teoria científica por não se basear em evidências
(base para definir o que é ciência). “O
ensino do criacionismo como ciência é uma
posição que consideramos incoerente com
o ambiente de uma escola em que se busca o conhecimento
científico e se incentiva a pesquisa", afirmou
Pilar.
Já
Christiano da Silva Neto, presidente da Associação
Brasileira de Pesquisa da Criação, pensa
que não há uma teoria correta: "a maneira
mais justa e honesta de lidar com a questão é
apresentar ambos os modelos nas aulas de ciências,
dando-se destaque aos pontos fortes e fracos de cada um".
Escolas
No
Colégio Presbiteriano Mackenzie, o criacionismo
é ensinado desde 1870, ano de fundação
do colégio. O conteúdo é abordado
no sexto ano do ensino fundamental – crianças
na faixa dos 11 anos. Neste ano, o colégio passou
a adotar um novo material nos três primeiros anos
do ensino fundamental. São apostilas com conteúdos
didáticos onde há explicação
criacionista, sem a evolucionista.
Segundo o colégio, nessa idade (por volta dos oito
anos) os alunos não estão preparados para
aprender o darwinismo. O colégio anunciou que alterará
o conteúdo das apostilas, abrangendo o caráter
religioso, mas manterá o criacionismo.
O
Pueri Domus Escolas Associadas é uma rede laica,
algumas com orientação protestante ou católica.
Os alunos aprendem criacionismo nas aulas de ciências.
Somente no oitavo ano do ensino fundamental, é
que o conteúdo do evolucionismo é apresentado.
Para Lilio Alonso Paoliello Júnior, diretor da
rede associada, o objetivo é promover o debate.
"Negativo seria não deixar que a discussão
acontecesse. É uma questão de posição
pedagógica. O conteúdo é aceito por
pais das escolas laicas e das religiosas", diz o
diretor.
Quem
defende o mesmo caso, é Maria Lúcia Callegari,
orientadora do colégio Santa Maria, "Quando
falamos sobre o surgimento da vida, abordamos o criacionismo
e o evolucionismo. Trabalhamos com pluralidade na ciência,
para romper a idéia de uma verdade absoluta."
O conteúdo é ensinado para os alunos do
quinto ano do ensino fundamental. Segundo ela não
há reclamações dos pais.
Mackenzie defende
criacionismo em aulas de ciências
De
acordo com a direção do Mackenzie, eles
não negam os avanços da biologia trazidos
pelo darwinismo, mas acredita que é preciso ensinar
a seus alunos que há outra explicação,
de caráter religioso, para a origem das espécies.
A teoria criacionista é ensinada nas aulas de religião
e nas de ciências.
Natália Souza/Pick-upau
Da Folha